O mundo da web, por alguns anos, nos acostumou com a existência de RPGs de estilo japonês muito simples e autoconclusivos. Entre eles há alguns que se tornaram famosos, como To The Moon, Ib e Mad Father, mas muitos outros não tiveram o mesmo destino apenas por falta de visibilidade. Hoje queremos dar lugar a LEMBRANÇA, um jogo desenvolvido com o famoso software RPG Maker, para sair da sombra e nos guiar em uma experiência que vai tocar a sensibilidade de muitos jogadores.
A guerra não cede, a guerra tira
Nossa aventura neste pequeno RPG começará como Shizuku, uma garota de XNUMX anos em uma viagem escolar em uma ilha onde há vestígios da Segunda Guerra Mundial (com um museu dedicado a ela) e uma reserva natural. Já desde a nossa chegada a situação parecerá "estranha": os taciturnos colegas, a perenemente furiosa professora do ensino médio, uma atmosfera quase onírica ... tudo isso parece fazer parte de um quadro perfeito de abertura de uma tragédia. E de fato, vai acontecer: logo depois de pegarmos a professora plantando flores na reserva natural - onde o acesso era proibido - e voltando ao museu, desmaiaremos de repente. Quando acordarmos, nos encontraremos trancados por dentro, sozinhos, dentro da estrutura, que foi bloqueada por fora para impedir a entrada e a saída. Uma vez que tenhamos escapado, de uma forma não convencional, vamos nos encontrar correndo ao redor da reserva natural; tudo pareceria ter passado, não fosse que os restos de um caça-bombardeiro fossem possuídos por uma entidade misteriosa e começassem a nos perseguir. E assim, cada vez mais longe do museu, vai começar nossa pequena grande aventura que nos guiará a descobrir o verdadeiro significado da guerra, mostrando-nos todos os danos que isso trouxe para a sociedade e para o sentido da vida humana.
A fé te guiará
Por mais estranho que possa parecer um jogo de estilo japonês, em MEMENTO há referências diretas à fé cristã, elemento fundamental da mecânica do jogo: as cruzes espalhadas pelo mapa servirão de fato como um ponto de salvaguarda e recuperação de saúde quando atingirmos limites críticos. Atingido um determinado ponto do jogo, encontraremos um rosário, que nos permitirá economizar a qualquer momento do jogo. Além disso, o título não terá uma mecânica complexa: a única ação que teremos que realizar são os movimentos, já que os objetos que encontrarmos ao redor ficarão relegados à esfera dos objetos-chave; embora não haja outras ações possíveis a serem tomadas, o jogo não será nada fácil, visto que os padrões de ataques inimigos, os caminhos a seguir para evitar sermos atingidos e a multiplicidade de direções em cada área, muitas vezes nos levarão ao fim do jogo. Isso se manifesta no estilo Final Fantasy II completo, ou seja, com o retorno ao menu principal do jogo e a possibilidade de recarregar a partir do último salvamento. Outra pequena referência ao famoso título da Square Enix são os personagens que irão anunciar as máquinas boss das quais teremos que escapar, sendo as mesmas do jogo acima mencionado e com os mesmos efeitos de entrada.
Eu ou o outro: quem tem prioridade?
De acordo com o manual, MEMENTO faz parte dessa categoria de RPG que nos colocará diante de uma série de escolhas, que caracterizará a continuação da trama. Após cerca de vinte minutos de jogo, as primeiras perguntas fatídicas chegarão, das quais a primeira está entre as mais importantes de todo o jogo; Não vou mencionar isso para evitar spoilers, já que o enredo é o ponto forte desses títulos. Saber decidir entre o certo e o simples é um fator importante: os mistérios que investigaremos, os episódios que vivenciaremos e toda a nossa aventura podem mudar drasticamente com base em nossas decisões anteriores. A salvação da nossa vida não depende apenas de nós, há algo mais por trás disso, mesmo que o percebamos apenas depois de entrarmos na história. A angústia, a ansiedade, o medo e o desejo de salvação serão os donos de toda a experiência, com ambientes que, sem exagerar, são dignos dos melhores filmes a meio caminho entre o thriller, o terror e o psicológico introspectivo. MEMENTO vai fazer refletir o jogador que o apaixona, como aconteceu comigo também, mostrando a realidade com aquele acréscimo que antes ignorávamos ou não considerávamos: nossas ações, por mais que pareçam corretas e sem efeitos colaterais, serão sempre capazes de para ter algum feedback sobre nós mesmos, ou pior, sobre os outros.
Uma atmosfera mística
Em conclusão, MEMENTO é definitivamente um daqueles jogos em que os gráficos são supérfluos: não importaria se tivesse sido feito com um Unreal Engine de última geração ou em 32 bits, o efeito teria sido sempre o mesmo. Minha impressão pessoal, que encontrei ao jogar o título, é que este é um daqueles poucos casos em que o som compensa a "simplicidade" (estilo gráfico significa, não detalhes, veja bem) do visual, com sons, ruídos e música que vão moldar a atmosfera mística do jogo. Recomendo fortemente, a quem pretende se aventurar neste pequeno trabalho, um bom par de fones de ouvido isolantes, que tenham um bom equilíbrio de sons, pois farão você se sentir parte integrante da história. Não é difícil esquecer que você está atrás de uma tela e com as mãos no teclado: MEMENTO será capaz de colocá-lo na pele da bela e inocente Shizuku em busca da salvação e da verdade.